Traição em Caracas? Tarifa de 77% da Venezuela Atinge o Brasil em Cheio e Expõe o Risco da Diplomacia Ideológica
Em uma reviravolta chocante que pegou o Itamaraty e o mercado brasileiro de surpresa, o governo da Venezuela anunciou a imposição de tarifas de importação de até 77% sobre uma vasta gama de produtos brasileiros
Cristian Ianowich
7/25/20254 min read


Em uma reviravolta chocante que pegou o Itamaraty e o mercado brasileiro de surpresa, o governo da Venezuela anunciou a imposição de tarifas de importação de até 77% sobre uma vasta gama de produtos brasileiros. A medida, vista como uma punhalada nas costas por analistas, contradiz acordos comerciais vigentes e atinge em cheio empresas e setores que contavam com a proximidade política entre os dois governos como uma garantia de estabilidade.
Este evento é uma dura lição sobre os perigos de misturar negócios com alianças políticas frágeis e baseadas em ideologia, em vez de pragmatismo e segurança jurídica. Vamos analisar friamente quais são os reais impactos dessa decisão hostil para a economia brasileira.
Raio-X do Comércio Brasil-Venezuela: O Que Está em Jogo?
Embora o comércio com a Venezuela não represente uma fatia gigantesca da balança comercial total do Brasil quando comparado à China ou aos EUA, ele é vital e estratégico, especialmente para certos setores e regiões.
Dados recentes de 2025 mostram que os principais produtos que o Brasil exporta para a Venezuela são, majoritariamente, alimentos e produtos básicos. Estamos falando de:
Produtos alimentícios e animais vivos (carne, frango, açúcar, arroz)
Óleos vegetais, gorduras e ceras (óleo de soja)
Produtos químicos e artigos manufaturados diversos
Isso significa que o impacto primário será sentido diretamente no coração do nosso agronegócio e na indústria de alimentos, setores que são pilares da nossa economia.
O Epicentro do Terremoto: Roraima e a Economia da Fronteira
Se o impacto no Brasil como um todo é relevante, para o estado de Roraima, ele é catastrófico. A Venezuela é o principal parceiro comercial de Roraima, respondendo por mais de 70% de toda a movimentação de exportação do estado.
A economia de cidades como Boa Vista e, principalmente, Pacaraima, na fronteira, depende intrinsecamente desse fluxo comercial. Uma tarifa de 77% significa, na prática, a paralisação quase total desse comércio. As consequências diretas para a região são:
Quebra de Empresas Locais: Comércios, transportadoras e empresas de logística que vivem da relação bilateral podem simplesmente fechar as portas.
Desemprego em Massa: A paralisação das atividades comerciais levará a um aumento súbito do desemprego em um dos estados mais vulneráveis do país.
Crise Social: A interrupção do fornecimento de alimentos e produtos básicos do Brasil para a Venezuela pode agravar a crise humanitária no país vizinho, aumentando a pressão migratória na fronteira de Roraima.
Impacto Setorial: Agronegócio e Indústria na Mira das Tarifas
Para além da fronteira, os produtores brasileiros em outras regiões também sentirão o golpe.
Agronegócio: Empresas que exportavam carne, açúcar e grãos para a Venezuela terão que redirecionar sua produção. Esse excedente de produtos no mercado interno pode, em um primeiro momento, até baixar os preços para o consumidor brasileiro, mas causa um desequilíbrio prejudicial aos produtores, que perdem uma importante fonte de receita e previsibilidade.
Indústria de Manufaturados: Fabricantes de máquinas, equipamentos e outros bens de consumo que viam na Venezuela um mercado natural pela proximidade geográfica, agora encontram uma barreira intransponível, forçando-os a engavetar planos de expansão.
Por Trás da Decisão: Tentando Entender a 'Punhalada' de um Aliado
A pergunta que ecoa em Brasília é: por quê? Por que um governo considerado um "aliado político" tomaria uma medida tão hostil e prejudicial? A análise financeira nos obriga a considerar algumas hipóteses estratégicas:
Nacionalismo Desesperado: Em meio a uma crise interna perpétua, o governo Maduro pode estar usando as tarifas como uma medida populista e nacionalista, prometendo proteger uma indústria local que mal existe, numa tentativa de criar uma cortina de fumaça para seus próprios fracassos.
Influência de Outras Potências: Não se pode descartar que a decisão tenha sido influenciada por outros atores globais, como Rússia ou China, que podem ter interesse em aumentar sua própria influência sobre a Venezuela, diminuindo a dependência do Brasil.
Pressão por Mais Vantagens: Pode ser uma tática de negociação agressiva. Caracas pode estar criando um problema artificialmente para, em seguida, exigir novas concessões ou ajuda financeira do Brasil em troca da revogação das tarifas.
Conclusão: Uma Lição sobre a Instabilidade e o Risco de Parceiros Imprevisíveis
Independentemente da motivação venezuelana, a conclusão para o Brasil é uma só: basear a segurança econômica em alianças políticas com regimes autoritários e imprevisíveis é uma estratégia de altíssimo risco.
A diplomacia brasileira, que tanto investiu na reaproximação com o governo de Caracas, agora recebe como resposta uma medida que prejudica diretamente os produtores e trabalhadores brasileiros, especialmente em Roraima. Este episódio deve servir como um alerta amargo. A verdadeira soberania e prosperidade econômica vêm da diversificação de mercados e da priorização de parcerias comerciais com nações que possuem estabilidade, segurança jurídica e respeito a acordos internacionais.
Apostar em "parceiros" cuja única lealdade é com a própria sobrevivência no poder é um jogo perigoso. E, como vemos hoje, o Brasil acaba de perder uma rodada importante.
O que você acha? O Brasil deve continuar a priorizar relações comerciais com base em alinhamento ideológico? Compartilhe sua opinião nos comentários!