Imposto no Aluguel: A Solução Preguiçosa do Governo que Piora a Crise e Pesa no Seu Bolso

Em meio a um cenário de contas públicas que não fecham e de uma crescente necessidade de demonstrar responsabilidade fiscal

Cristian Ianowich

9/17/20253 min read

Em meio a um cenário de contas públicas que não fecham e de uma crescente necessidade de demonstrar responsabilidade fiscal, o governo federal sinaliza com sua solução preferida: mais impostos. A proposta da vez é aumentar a tributação sobre os rendimentos de aluguel. No entanto, essa ideia vem acompanhada de um silêncio ensurdecedor sobre o outro lado da equação: a falta de qualquer proposta séria para a redução do gasto público.

Essa é a clássica política do "remendo fiscal": em vez de consertar o vazamento, simplesmente joga-se um balde maior para coletar a água. Para o cidadão e para a economia, essa é a pior abordagem possível. Vamos analisar por que essa medida é economicamente falha e quem, no final do dia, realmente pagará esta conta.

A Lógica do Repasse: Por Que o Inquilino Pagará a Conta, e Não o Dono do Imóvel

O governo pode até vender a ideia como uma taxação sobre a "renda do capital" do proprietário, mas a realidade econômica é implacável. Em um país com um déficit habitacional gigantesco e alta demanda por moradia, quem paga o imposto não é necessariamente quem o recolhe. Esse princípio se chama incidência tributária.

Na prática, o proprietário do imóvel, ao se deparar com uma nova mordida do leão, fará o cálculo e embutirá o custo no próximo reajuste do aluguel.

  • Exemplo prático: Imagine um aluguel de R$ 2.000 em Palmas. Se o governo impõe uma nova alíquota que representa R$ 200 a mais por mês para o locador, pode ter certeza de que, na primeira oportunidade de renovação, o novo aluguel proposto ao inquilino não será de R$ 2.000 + inflação, mas sim de R$ 2.200 + inflação.

No fim das contas, a proposta se transforma em um aumento direto no custo de vida para milhões de famílias brasileiras que vivem de aluguel.

Menos Investimento, Mais Informalidade: O Tiro no Pé no Mercado Imobiliário

Além de onerar o inquilino, a medida desestimula o setor que ela pretende taxar, gerando dois efeitos negativos previsíveis:

  1. Desincentivo ao Investimento: Tornar o aluguel menos lucrativo desestimula o investimento em imóveis para locação. Pessoas que poderiam comprar um segundo imóvel para alugar pensarão duas vezes. Construtoras terão mais dificuldade em vender unidades para investidores. A consequência a longo prazo é uma oferta menor de imóveis para alugar, o que, ironicamente, pressiona os preços para cima ainda mais.

  2. Impacto nos Fundos Imobiliários (FIIs): Os FIIs, que se tornaram a porta de entrada para milhões de pequenos investidores no mercado imobiliário, seriam diretamente atingidos. Maior tributação sobre os aluguéis dos shoppings, galpões e prédios dos fundos significa dividendos menores para os cotistas. Isso torna os FIIs menos atrativos, podendo levar a uma onda de vendas e desvalorização das cotas, prejudicando a poupança de inúmeros brasileiros.

  3. Aumento da Informalidade: Uma tributação excessiva empurra as pessoas para a informalidade. A tendência seria um aumento massivo dos "contratos de gaveta", sem declaração à Receita. O resultado? O governo pode acabar arrecadando ainda menos do que arrecada hoje, em mais um exemplo prático da Curva de Laffer.

O Sinal para a Economia: Um Governo que Desistiu do Ajuste Fiscal

Para o mercado financeiro e para os investidores internacionais, a mensagem por trás dessa proposta é ainda mais devastadora. Ela sinaliza que o governo não tem a vontade ou a capacidade política de controlar seus próprios gastos.

Um governo fiscalmente responsável, ao se deparar com um déficit, apresenta um plano de cortes, de ganhos de eficiência e de reformas estruturais. Um governo que apenas busca novas fontes de receita para cobrir um gasto crescente e descontrolado sinaliza que está em uma trajetória fiscal insustentável.

A consequência dessa percepção de risco é um dólar mais pressionado, juros futuros mais altos e uma menor disposição de investidores para alocar capital de longo prazo no país, o que resulta em menor crescimento econômico para todos.

Conclusão: A Solução Real é Cortar Gastos, Não a Renda do Cidadão

A proposta de aumentar o imposto sobre o aluguel não é uma solução para o problema fiscal brasileiro; é um sintoma da falta de coragem para enfrentá-lo de verdade. É uma tentativa de transferir para o bolso do cidadão – seja ele proprietário ou, principalmente, inquilino – o custo de um Estado inchado e ineficiente.

A verdadeira e única solução sustentável para as contas públicas do Brasil passa, invariavelmente, pelo controle rigoroso do gasto público. É preciso cortar despesas, aumentar a eficiência e aprovar reformas que modernizem a máquina estatal. Fazer isso criaria um ambiente de confiança que atrairia investimentos, reduziria os juros e geraria crescimento real, beneficiando a todos, em vez de penalizar um setor específico da economia.

O que você acha dessa proposta? Aumentar impostos é a solução para o Brasil? Deixe sua opinião nos comentários.