Gênios da Diplomacia: A Proposta "Brilhante" de Gilmar Mendes e a "Exigência" de Lula para Salvar a Economia
Quando pensávamos que a crise institucional brasileira não poderia ficar mais surreal, eis que nossos líderes, em sua infinita sabedoria, nos presenteiam com duas "soluções" que entrarão para os anais da história.
Cristian Ianowich
10/1/20255 min read


Quando pensávamos que a crise institucional brasileira não poderia ficar mais surreal, eis que nossos líderes, em sua infinita sabedoria, nos presenteiam com duas "soluções" que entrarão para os anais da história. Em uma semana particularmente inspirada, fomos agraciados com uma proposta do Ministro Gilmar Mendes para anular uma lei americana com uma lei brasileira e, de sobremesa, com a nova estratégia diplomática do Presidente Lula de "exigir" que o Presidente Trump retire as sanções.
Como especialista financeiro, sou obrigado a tirar o chapéu. Diante de problemas complexos, as soluções mais simples são, de fato, as mais geniais. Enquanto nós, meros mortais do mercado, nos preocupamos com trivialidades como fluxo de capital, risco-país e credibilidade internacional, nossos estadistas operam em um plano de existência quadridimensional. Vamos, então, analisar os magníficos impactos dessas ideias na nossa já combalida economia.
A Inovação Jurídica de Gilmar Mendes: A Lei "Anti-Lei Estrangeira"
Primeiro, celebremos a pérola do pensamento jurídico do nosso Decano. O Ministro propõe que o Legislativo, nosso Congresso Nacional, crie uma lei para anular os efeitos da Lei Magnitsky americana sobre os membros da corte. É brilhante! Como ninguém pensou nisso antes?
A Lei Magnitsky, como sabemos, congela ativos em jurisdição americana e cancela vistos para entrar nos Estados Unidos. É uma lei do Congresso americano, aplicada pelo Tesouro americano, em solo americano. A sugestão de que uma lei aprovada em Brasília possa ter qualquer efeito sobre o que acontece em Washington é uma demonstração de conhecimento em direito internacional que beira o sublime. É o equivalente a uma assembleia de condomínio em Palmas proibir a neve de cair em Nova York. O efeito prático é o mesmo: zero.
Mas a genialidade não para por aí. E aqui vem o toque de mestre do nosso defensor da democracia: um Ministro do Poder Judiciário propondo, ou melhor, instruindo, o que o Poder Legislativo deve fazer. É uma defesa tão veemente da separação dos poderes que chega a subvertê-la, em um nó de coerência que faria M.C. Escher sentir inveja. Enquanto bradam contra a "tirania", rasgam a Constituição em praça pública ao querer ditar as pautas do parlamento.
Para o investidor estrangeiro, o recado é claro: as mais altas autoridades do judiciário brasileiro não apenas desconhecem os princípios básicos do direito internacional, como também não respeitam a própria Constituição que juraram defender. O "Risco-Brasil" acaba de ganhar um novo e fascinante capítulo.
A "Mesa de Bar" Diplomática de Lula: "Exigindo" o Fim das Sanções
Aparentemente, a nova doutrina da diplomacia brasileira foi concebida em uma mesa de bar, regada a uma boa dose de otimismo. Após meses alegando que o governo americano não queria conversar, o Presidente Lula, agora diante da possibilidade de um encontro, pretende "exigir" que o Presidente Trump retire as sanções.
É uma estratégia ousada. Afinal, a diplomacia entre uma superpotência e um país emergente em crise, que depende desesperadamente de capital externo, funciona exatamente assim: o lado mais fraco e necessitado chega batendo na mesa e fazendo exigências. É infalível.
O brilhantismo da tática se aprofunda quando lembramos da justificativa para a crise: Lula acusa os EUA de "apoiarem ditaduras". A contradição de fazer essa acusação enquanto seu governo mantém laços fraternos com Hamas, Venezuela e a Nicarágua de Daniel Ortega é apenas um detalhe, um preciosismo lógico que não deve atrapalhar a genialidade da estratégia.
Para o mercado financeiro, a mensagem é igualmente cristalina: o chefe do Poder Executivo não possui uma compreensão realista da geopolítica e do poder de barganha (ou da falta dele) do Brasil. Ele não está buscando uma solução para a crise econômica; está encenando um teatro para sua plateia doméstica. Isso garante aos investidores que a crise não será resolvida, que as sanções continuarão e que o ambiente de negócios permanecerá tóxico por tempo indeterminado.
O Preço da Genialidade: O Mercado Reage ao Surrealismo
Diante de tamanha demonstração de brilhantismo estratégico, a reação da economia é, obviamente, de puro êxtase... só que ao contrário.
Fuga de Capital: Qualquer investidor com um mínimo de apreço por seu próprio dinheiro, ao ver que os líderes do país vivem em uma realidade paralela, acelera sua fuga do Brasil. Não é mais uma questão de risco, é uma questão de sanidade.
Dólar e Juros: Com a certeza de que a crise não terá solução, o dólar se consolida em patamares estratosféricos e o Banco Central é forçado a manter a Selic em níveis de recessão profunda, apenas para evitar um colapso total da moeda.
Credibilidade Aniquilada: O Brasil deixa de ser visto como um país sério no cenário internacional. Passamos a ser o anedotário, o estudo de caso de como a arrogância e a ignorância podem destruir o potencial de uma nação.
Conclusão: Enquanto Eles Brincam de Superpotência, Nós Pagamos a Conta
As "soluções" propostas por Gilmar Mendes e Lula são um espetáculo de surrealismo que seria cômico se não fosse trágico. Elas revelam um profundo desprezo pela realidade econômica e pelas regras do jogo internacional.
Enquanto nossos líderes brincam de superpotência, com propostas legislativas inúteis e exigências diplomáticas vazias, somos nós, cidadãos, empresários e investidores, que pagamos a conta. A fatura vem na forma de inflação, desemprego, juros altos e, o mais triste de tudo, na perda de um futuro próspero que o Brasil insiste em sabotar.
Resta a nós, meros mortais, aplaudir de pé esses gênios da estratégia e correr para dolarizar o que sobrou do nosso patrimônio. Afinal, contra a genialidade, não há argumentos.
O que você achou dessas "soluções" para a crise? Deixe sua irônica opinião nos comentários.