A Conta Chegou: O Custo Econômico do Alinhamento do Brasil com Ditaduras em 2025
Política externa não é um conceito abstrato decidido em salas distantes de Brasília.
Cristian Ianowich
8/22/20254 min read


Política externa não é um conceito abstrato decidido em salas distantes de Brasília. Ela tem um preço, uma etiqueta que é paga por todos nós, seja na cotação do dólar, na taxa de juros do financiamento ou no preço dos produtos no supermercado de Palmas. E em agosto de 2025, a fatura das escolhas diplomáticas do governo brasileiro começou a chegar, e ela é alta.
A tendência, que antes era sutil, agora se tornou explícita: o governo brasileiro está, cada dia mais, "escancarando" seu alinhamento com um eixo de ditaduras e regimes autoritários, enquanto se afasta e, por vezes, hostiliza as democracias ocidentais. É hora de deixar a paixão política de lado e analisar, com a frieza dos números, o custo econômico dessa perigosa opção.
O Capital Tem Lado: Desconfiança e Fuga de Investimentos do Ocidente
Vamos a um princípio básico do mercado financeiro: o capital busca segurança, estabilidade e previsibilidade. O maior volume de investimento estrangeiro no mundo origina-se em democracias consolidadas (EUA, União Europeia, Reino Unido, Japão). Esses investidores e empresas operam sob o primado da lei e esperam, no mínimo, um ambiente de negócios com regras claras e respeito a contratos.
Quando o Brasil flerta abertamente com regimes conhecidos pela falta de transparência, pelo desrespeito à propriedade privada e por violações de direitos humanos, a mensagem enviada a esse capital ocidental é tóxica. Sinaliza que não compartilhamos dos mesmos valores institucionais. A consequência é direta:
Redução do Investimento Estrangeiro Direto (IED): O "capital de qualidade" – aquele que constrói fábricas, gera empregos qualificados e transfere tecnologia – se retrai. Por que uma multinacional europeia construiria uma nova planta no Brasil se o governo demonstra afinidade com regimes que expropriam empresas?
Fuga de Capital da Bolsa: Investidores em ações se assustam com o aumento do risco institucional e geopolítico, vendem suas posições na B3 e buscam mercados mais seguros, pressionando nossa bolsa para baixo.
A Troca Desvantajosa: O Que Ganhamos (e o Que Perdemos) com os "Novos Amigos"
A justificativa do governo para essa postura é a de "diversificar parcerias" e fortalecer o chamado "Sul Global". É uma narrativa que soa bem no palanque, mas que não se sustenta em uma análise financeira criteriosa.
O Que Perdemos: Estamos colocando em risco o acesso preferencial aos maiores e mais ricos mercados consumidores do mundo (EUA e UE). Arriscamos o acesso à tecnologia de ponta e, crucialmente, ao maior e mais líquido mercado de capitais do planeta, que financia tanto a dívida do nosso governo quanto a expansão das nossas melhores empresas.
O Que "Ganhamos": Aprofundamos nossa relação de dependência da China, baseada na exportação de commodities de baixo valor agregado, como soja e minério de ferro. E fortalecemos laços comerciais com países como Rússia, Venezuela e Irã, cujas economias somadas são instáveis e representam uma fração insignificante do que o comércio com o Ocidente representa.
Na prática, estamos trocando uma parceria estratégica de alto valor agregado por uma dependência de commodities com nações de altíssimo risco. É uma troca economicamente ruinosa.
O Preço no Dia a Dia: Dólar, Juros e o "Custo-Ditadura" embutido em Tudo
Para o cidadão comum, essa estratégia diplomática se materializa de formas bem concretas:
Dólar Estruturalmente Mais Alto: Com menos capital ocidental querendo entrar no Brasil, a oferta de dólares diminui. O resultado é um Real cronicamente mais fraco. Isso significa que tudo que é cotado em dólar – da viagem de férias à gasolina – fica permanentemente mais caro.
Juros Estruturalmente Mais Altos: Para compensar o aumento do "Risco-Brasil" e tentar atrair algum capital, o Banco Central é forçado a trabalhar com uma taxa Selic mais elevada do que o necessário. Isso encarece o crédito para comprar um carro, financiar um imóvel e para as empresas investirem, freando o crescimento da economia.
O "Custo-Ditadura": Podemos chamar assim a taxa extra que todos nós pagamos por essa política externa. É um prêmio de risco embutido nos preços e nos juros, um imposto invisível que paga pela aventura ideológica de nossos governantes.
Estratégia de Defesa para seu Patrimônio
Diante desse cenário, ficar parado assistindo à desvalorização do seu patrimônio não é uma opção. É preciso agir para se proteger.
Diversificação Internacional é Obrigatória: Não é mais uma questão de "se", mas de "quanto". Ter uma parcela do seu patrimônio investida em ativos de economias fortes e democráticas, através de ETFs (como o IVVB11), BDRs ou fundos internacionais, é a principal vacina contra o risco geopolítico brasileiro.
Foco em Qualidade e Resiliência: Dentro do Brasil, priorize investir em empresas de setores essenciais, com baixa dívida, boa governança e que não dependam excessivamente de contratos com o governo ou de mercados voláteis.
Proteção Cambial (Dólar): Manter uma parcela de seus investimentos em ativos dolarizados é a forma mais direta de se proteger contra a desvalorização do Real causada por essas crises.
Conclusão: Diplomacia Não é Torcida, é Estratégia – E a Fatura do Isolamento Chegou
A política externa de um país sério é guiada por seus interesses nacionais de longo prazo, não por afinidades ideológicas de um governo específico. Ao escolher um alinhamento que nos afasta dos maiores centros de capital e tecnologia do mundo, o Brasil está optando por um caminho de isolamento e empobrecimento.
A conta dessa escolha já está sendo cobrada na forma de um dólar mais caro, juros mais altos, menor crescimento e perda de oportunidades. A diplomacia não é um time de futebol para o qual se torce; é um tabuleiro de xadrez onde cada movimento tem consequências. E, infelizmente, os movimentos recentes do Brasil parecem nos levar diretamente para o xeque-mate econômico.
Como você, investidor, está se protegendo do crescente risco geopolítico do Brasil? Compartilhe suas estratégias!